Encerra 2º dia de buscas por jovem desaparecido em São Gabriel; polícia trabalha com possibilidade de assassinato

O segundo dia de buscas pelo jovem Gabriel Marques Cavaleiro 18 anos, desaparecido em São Gabriel desde 12 de agosto, começou cedo da manhã desta quinta (18), e só parou a pelo final da tarde, com o início da chuva. Bombeiros, policiais militares e policias civis trabalham para encontrar o jovem. As buscas se concentraram em um açude na localidade de Lava Pés, em uma das saídas da cidade para o interior do município. Apesar dos esforços, nenhum sinal do jovem foi localizado durante os trabalhos.

Familiares acompanharam as buscas e preferiram não falar com a imprensa. Entretando, na quarta-feira (17), Soila Marques, irmã mais velha de Gabriel, disse não acreditar na versão da Brigada Militar sobre o motivo da abordagem dos policiais e deu detalhes da personalidade de Gabriel.

Nesta quinta, o delegado José Bastos, titular da Delegacia de Policia (DP) local esteve no local das buscas duas vezes durante o dia. Em entrevista a reportagem, ele afirma que a Polícia Civil está trabalhando em duas frentes, uma nas buscas no local e na outra, os policiais estão colhendo vídeos de câmeras de segurança dos locais por onde os PMs passaram com a viatura com o jovem e ouvindo testemunhas e envolvidos.

– Com os dados do GPS da viatura, começamos a fazer buscas nesse local. Nós instauramos um inquérito policial para investigar todas circunstâncias desse desaparecimento, incluindo a possibilidade de homicídio – explica o delegado.

O Tenente-coronel Antônio Felipe Zanga Junior, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) Fronteira Oeste da Brigada Militar (BM) foi até o local, mas preferiu não dar detalhes sobre caso. Ele diz que é preciso respeitar as investigações e que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado.

– Nos estamos desde o início acompanhando tudo que está acontecendo. Tem um inquérito que está apurando todas as circunstâncias da ocorrência. É nossa competência, é o nosso compromisso com toda a sociedade gaúcha- afirma o comandante.

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Moradora assustada

Paula Lima da Silva, conta porque chamou a Brigada Militar. Foto: Maurício Barbosa (Diário)

A dona de casa Paula Lima da Silva, que chamou a Brigada Militar após ver que o jovem estava tenta do entrar na casa dela, diz estar sendo pressionada pela população, mas nega ter culpa no desaparecimento.

– Eu não sou criminosa, isso que a população tem que entender, se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri, chamei para retirarem ele do local e acharem alguém da família. Eu tenho a minha consciência tranquila que não sou culpada dessa história. (…) Eu chamei a Brigada, minha filha está sofrendo com isso, a cidade toda está dizendo que ela e a amiga dela chamaram o rapaz, isso não é verdade. Ela é uma criança, ela tem 11 anos e está sofrendo uma pressão que nem para a escola eu mandei ela, por causa dessa história.

Paula também afirma ter chamado a polícia por que Gabriel teria forçado a grade e tentado abrir o portão, mas que não queria que nada acontecesse com ele. Ela fez fotos e vídeos da abordagem policial.

– Ele saiu daqui bem, entrou na viatura bem, eu posso afirmar. (…) Eu não sou criminosa, isso que a população tem que entender, se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri, chamei para retirarem ele do local e acharem alguém da família. Eu tenho a minha consciência tranquila que não sou culpada dessa história.

Desaparecido

Gabriel está desaparecido desde o dia 12, quando teria sido visto pela última vez sendo abordado, algemado e logo em seguida colocado no porta-malas de uma viatura da Brigada Militar, conforme mostram os vídeos.

Os dois policiais foram afastados, orientados a ficarem em casa e se apresentarem a cada dois dias no quartel da BM. As armas foram apreendidas.

O delegado José Bastos apreendeu a viatura usada pelos policiais e solicitou ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) que fizesse um exame detalhado no veículo com urgência. Questionado, o delegado afirmou que não há prazo, mas que aguarda o resultado para dar seguimento nas investigações.

* colaborou Denzel Valiente

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